IQUSP realiza palestra com ex-aluno sobre sua trajetória como químico, empresário e artista

Na sexta-feira (07), aconteceu no anfiteatro do Instituto de Química a palestra Química, Arte e Negócios. O aluno egresso Julio Landmann conduziu o evento e falou sobre sua trajetória como empresário e a intersecção entre sua carreira nos negócios, a formação como químico e sua paixão pela arte.

Landmann contou ao público toda a sua jornada: como começou seu interesse pela Química, seu ingresso em multinacionais e, a partir disso, como acabou voltando para os negócios da família e se envolvendo no meio da cultura e arte. Entre muitos títulos, o de químico foi um dos primeiros que ele adquiriu, embora já tivesse alguma experiência no mercado de trabalho: “meus pais me colocaram para estagiar antes mesmo de eu começar a graduação, eu trabalhava na Hucks Farmacêutica”, explica.

Landmann começou como um funcionário qualquer, na área de vendas técnicas. Ao se formar no IQUSP, compartilhou com seu chefe o seu desejo em seguir a área de administração, o que lhe trouxe grandes oportunidades no meio empresarial, incluindo um MBA em Administração de Empresas pela Columbia University

A família de Landmann era dona de uma empresa que servia como intermediária entre os produtores de insumos e as cervejarias. “Eu nunca quis seguir aquele caminho, não era a minha área”, afirma o químico. Porém, a situação da empresa familiar exigiu que ele assumisse um cargo de liderança na companhia: “foi muito duro não aceitar as oportunidades internacionais que estavam sendo ofertadas no caminho como químico”.

Com a chance de liderar a empresa familiar, Landmann não quis limitar-se a continuar no mesmo patamar de “empresa ponte” – e utilizou de seu conhecimento na área da química para expandir os negócios. Neste processo, ele descobriu que a papaína, um tipo de enzima proteolítica, era a chave para alavancar a empresa. “Ela (papaína) é extraída do mamoeiro. Eu já havia trabalhado com o mapeamento de onde são cultivados e já entendia a praga que os afetava”. Assim, investiu na produção de mamoeiros na cidade de Alta Floresta (MT): “queria fazer tudo no Brasil, não depender de ninguém”, afirma Landmann.

A empresa passou por algumas fases desafiadoras. Durante um certo período, por exemplo, a ANVISA impôs a necessidade de identificar o uso de papaína no rótulo dos produtos, o que fez um de seus maiores clientes optar por substituir a enzima por outros compostos à base de polímeros. 

Neste momento, Landmann decidiu migrar seus investimentos para o lúpulo. “Além de acrescentar no sabor, o lúpulo ajuda a conservar o álcool por mais tempo”, explica ele. Além disso, o uso do insumo não se limita à indústria cervejeira: “no primeiro ano de produção eu vendi 40 toneladas, porque na Europa a ração animal havia queimado, por conta de bactérias”.

Na segunda metade da palestra, Landmann se apresentou como um admirador da arte. “Tem a parte profissional, e tem a outra parte do meu cérebro”, fala o colecionador, que já coordenou muitas exposições e é conselheiro da Fundação Bienal de São Paulo.

Landmann descobriu-se apreciador da arte através dos minerais: “eu colecionava pedrinhas quando era criança, mas o que me interessava era a estética delas”, conta. Quando adulto, continuou a coletar arte, mas foi mais tarde que se envolveu ativamente neste meio. “Entrei na Bienal, fiz a sala de um artista que eu gostava e acabei me apaixonando pela parte educacional”.

O químico já participou da criação de muitas bienais, ajudou na organização de museus e outros eventos. Hoje, ele também coleciona e produz arte como hobby: “sou um arquiteto frustrado, desenhei minha própria casa. Tenho meu site de fotografia”, relata. 

Ao término da palestra, a plateia foi convidada a fazer perguntas. Landmann foi questionado sobre como ele se tornou um indivíduo tão “fora da caixa” e também sobre a sua opinião em relação à situação atual da USP, entre outros assuntos.

 

Por Isabella Gargano | Comunicação IQUSP

 

Data de Expiração: 
01/01/3050